Porque brindamos em (todas as!) fotos...

Amigo: Não vai fazer o vídeo do facebook?!
Alex: Não.
Amigo: Por que não?!
Alex: Porque ia ficar igual à uma propaganda de distribuidora de bebidas.
Amigo: ...

Porque seremos orientadores de mestrado!

Elisa: Não aguento mais esses meus namoros complicados.
Alex: Sabe qual é seu erro?!
Elisa: Desabafar com você, sabendo que você sempre vai ter algo à dizer?!
Alex: Você tem esse perfil de professora primária, que cuida, orienta, ensina...
Elisa: Não vejo como um problema. As pessoas se ajudam num relacionamento.
Alex: Mas seu erro é buscar ser uma professora para público infantil.
Elisa: ?!
Alex: Seja um professora para público universitário, se puder, de mestrado! Porque você nunca orienta, cobra, critica sempre sem dar nenhuma sugestão e o mestrando acaba aprendendo à se virar. E no final, você ainda ganha os créditos!
Elisa: ...

Porque falamos sério IV

A PELE QUE HABITO

Não. Não pretendo falar sobre Almodôvar e o filme que tem o mesmo título que inicio esse texto. Mas ele resume bem uma questão importante do ser humano: o nosso EU superficial que veste nosso EU interior.

Saber-se implica muito mais do que descrever-se. Implica em ter uma real compreensão de todas as partes que compõem o nosso todo. E sexualidade é uma dessas partes que nos compõem, mas não são o todo.

A sua identidade não está nos roupas, cor de cabelo, acessórios e marcas que nos vestem. Nem em ser "médico" ou "advogado". Como sou enquanto médico, como se expressa meu "eu-advogado", sim. Isso diz de mim. 

Ser gay não é vergonhoso. Não é errado. Mas deveria ser tudo o que te representa?!

Calma! Não estou pregando contra "sair do armário", sobre viver em guetos...

Falo sobre a soma de todas as partes, incluindo minha sexualidade, que fazem de mim quem sou.

Você pode ser gay, hetero, médico, flamenguista ou luterano. Mas se foi apenas isso que te representa, você perde de ter ao seu lado pessoas que vão se aproximar por você ser um bom filho, um bom profissional, um amante da música clássica e tudo o que você for!

Lembre-se: Você é filho, irmão, sobrinho, neto, amigo, amante, vizinho, primo, profissional e milhares de muitas outras partes...

Torcer pelo "vasco" ou pelo "flamengo" não diz QUEM você é. Diz apenas ALGO que você TAMBÉM é! 

Porque falamos sério III

MEUS PAIS MUDARAM COMIGO...

É muito difícil não perceber uma mudança nas relações entre pais e filhos quando a (homo)sexualidade entra em pauta. Relações antes amistosas acabam desandando. Conflitos familiares se desenvolvem...E mesmo quando há uma aceitação "amistosa" por parte dos pais, a relação sofre alguma mudança. POR QUE?!

Toda e qualquer mudança, implica numa readequação das pessoas envolvidas. Mesmo que no passado, a mudança tenha sido cogitada ou até mesmo discutida, quando esta torna-se uma realidade, é diferente. E vamos entrar em contato com as consequências (agora) reais dessa mudança. 

Algumas fantasias acabam se confirmando e se mostram menos assustadoras; outras se tornam mais complexas e difíceis de enfrentar. Outras fantasias se desconstroem e novas percepções se formam. 

Um fator importante de se observar nesse processo é do meu papel direto de como isso vai acontecer. 

O que quero dizer com isso?!

Quero dizer que é comum um afastamento (por pudores, mágoas ou qualquer motivo) entre pais e seus filhos. É comum se ouvir dos pais coisas como "não sei mais quem é meu filho". E - embora soe como crítica, quase sempre é uma verdade! Então, como se manter igual, se meu filho já não é o mesmo que eu conhecia?!

Antes de tudo, é importante lembrar que seus pais são apenas seres humanos, tal e qual você. Não possuem a compreensão do mundo, nem leem sua mente. Algumas vezes, precisamos falar ao invés de esperar que eles venham até nós. 

Um afastamento não é necessariamente uma mudança no amor que os pais tem pelo filho. Pode ser apenas um gesto de boa fé, em que o pai o deixa livre pra fazer as escolhas da vida. E isso é respeito!

Porque somos independentes...

Amigo: Acabou mesmo o namoro?!
Alex: Acabou. E acho que encerrei minha carreira em relacionamentos.
Amigo: Mas ninguém vive sozinho.
Alex: Errado. Ninguém vive sem dinheiro.
Amigo: Mas todo mundo precisa de alguém pra ajudar à realizar nossos sonhos, dividir os problemas e cuidar da gente!
Alex: Olha, essas pessoas e se chamam, respectivamente, "arquitetos", "terapeutas" e "enfermeiros".
Amigo: ...

Porque destoamos...

Alex: Quer vir passar a tarde aqui?! Faço uns aperitivos e tomamos vinho.
Elisa: Você não prefere ir à um barzinho ao invés de ficar em casa?!
Alex: Não. Estou cansado.
Elisa: Semana pesada?!
Alex: Não. Cansado de me arrumar pra sair com você e você vestir qualquer coisa pra sair comigo.
Elisa: ...

Porque falamos sério II

SAIR (OU NÃO) DO ARMÁRIO...

Muita gente acredita que "sair do armário" implica em chegar pra família (ou amigos) e contar que sente atração por alguém do mesmo sexo. É...basicamente é isso. Mas não é SÓ isso.

Sair do armário, revelar às pessoas do seu convívio sobre sua sexualidade é muito mais do que contar que prefere meninos ou meninas. É uma aceitação interna de quem você é. É ficar confortável em seu corpo, sem constrangimentos, sem desconforto físico ou emocional. 

E isso implica num processo confuso, totalmente permeado por conflitos internos, questões morais, pessoais, religiosas e entre tantas outras...

Algumas pessoas se sentem desconfortáveis com seus pais e acreditam que não contar é uma mentira; o que acaba por gerar prejuízos emocionais. Onde não se vive de forma plena; carrega-se uma culpa.

Outras acreditam que sair do armário vai "forçar" uma aceitação familiar e social - o que pode acontecer ou não. 

Outros optam por manter-se no armário por acreditar que é um assunto de fórum íntimo, sem maiores sofrimentos.

Então, sair ou não sair?!

Depende do que se busca! Se você acredita que "sair do armário" vai ser uma escolha positiva (não necessariamente fácil!), faça! Se não, aguarde mais um pouco, afinal, a vida é sua e a decisão também!

Porque era pra Elisa...

Alex: Minha amiga psicóloga queria me apresentar um amigo dela, que viu meu perfil no face.
Elisa: E ai?!
Alex: Totalmente seu número, exceto por ser homem.
Elisa: ?!
Alex: Gordo, jovem demais e mal vestido.
Elisa: ...

Porque estar só não é estar sozinho...

Home de Polo: Faz um tempo que você está aqui sozinho. Está esperando alguém?!
Alex: Estou.
Homem de Polo: Alguém importante na sua vida?!
Alex: De suma importância.
Homem de Polo: Seu namorado?!
Alex: O garçom.
Homem de Polo: ...

Porque também falamos sério!

Agora,todas as segundas, vamos falar sério! Com uma nova perspectiva, iremos abordar temáticas diversas, com um olhar mais sério, afim de continuar entretendo, mas também ajudando e acolher! Aproveitem e boa leitura!

A FANTASIA DO "BEBÊ JOHNSON" E MEU FILHO GAY

Sempre associamos que a nossa existência está diretamente ligada à nossa concepção (no encontro do óvulo e do espermatozoide) - e não pretendo aqui discutir religião e aonde se inicia a vida. Refiro-me aqui, à nossa existência de filho(a).

Passamos à existir inicialmente enquanto uma ideia, um desejo ou um projeto de duas pessoas que decidem gerar uma criança. Não existimos concretamente, mas já temos uma história familiar, um sobrenome, traços de personalidade, trejeitos e perspectivas oriundos de nossos pais. 

Nossos possíveis nomes contém sonhos e perspectivas de nossos pais. Os meninos têm um time de futebol pelo qual torcer, estilos de se vestir e toda uma idealização de um futuro sonhado e desejado pelos futuros pais; constituindo um indivíduo pleno - quando a concepção, em muitos casos, ainda não tenha ocorrido.

Esses sonhos e projetos são permeados pela nossa fantasia social de perfeição - personificado pela representação dos bebês que estampam as fraldas da marca Johnson&Johnson. O nosso bebê é perfeito em todos os aspectos e é assim que são sonhados nossos filhos.

Mas e quando esse bebê não sai como sonhado?! O que fazer quando nosso garotinho ou nossa garotinha se relaciona com alguém do mesmo sexo?! E o principal: o que fazer com todos os sonhos de uma vida planejada, heterossexual, com casamento na igreja, netos e todo o resto?!

Esses pais entram em um processo de luto. É uma morte, mesmo que simbólica, de um filho que já não existe mais. E a vivência desse luto é o que comumente gera os grandes conflitos vivenciados pelo "sair do armário". Não só vive-se a frustração dos sonhos, como entra em conflito questões pessoais ou religiosas e aquele "pedaço de mim".

Inicia-se então, um longo e nem sempre fácil, processo de redescoberta entre pais e filhos...e nesse processo é necessário que tanto filhos, quanto pais, se reencontrem e se reconectem.